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Discípulo ou multidão?

Pastor: Ronan Silva


A Bíblia, em um panorama geral, nos mostra que existem basicamente dois tipos de pessoas: a multidão e os discípulos. No velho testamento, após a formação da nação de Israel, podemos perceber claramente uma distinção entre a multidão, caracterizada por aquele grande povo que era vulnerável e oscilante; e homens de fé, que tinham um relacionamento diferenciado com Deus.


E, a partir do novo testamento, essa diferenciação fica muito mais clara pelos relatos que vemos nos evangelhos. Todas essas evidências servem para nos mostrar que no relacionamento com Deus ou somos discípulo ou somos multidão.

“Vendo as multidões, Jesus subiu ao monte e se assentou. Seus discípulos aproximaram-se dele, e ele começou a ensiná-los, dizendo:” Mateus 5:1,2.

“Algum tempo depois Jesus partiu para a outra margem do mar da Galiléia (ou seja, do mar de Tiberíades), e grande multidão continuava a segui-lo, porque vira os sinais miraculosos que ele tinha realizado nos doentes. Então Jesus subiu ao monte e sentou-se com os seus discípulos.João 6:1-3


É natural do ser humano ser influenciado por aquilo que os outros estão fazendo, por aquilo que é atrativo e está em evidência. Nós, cristãos, fazemos parte de uma multidão, porque o evangelho, com sua graça, suas bênçãos, tem essa capacidade. Jesus é muito atrativo. Vemos na Bíblia que, por onde o Mestre passava, multidões se aglomeravam.


E hoje não é diferente, as apresentações na igreja, o amor dos irmãos uns para com os outros no servir, a educação e a inocência das criancinhas, a espiritualidade das músicas, tudo isso e muitos outros fatores nos inspiram e atraem, e nos fazem querer estar na igreja, de fazer parte da comunidade de Cristo.


Diante disso, nos evangelhos, podemos encontrar ao menos quatro principais diferenças entre a mentalidade e o coração de um discípulo e a mentalidade e o coração da multidão. São eles:


1) MULTIDÃO REIVINDICA; DISCÍPULO RENUNCIA. Jesus, após ser tentado quarenta dias e quarenta noites no deserto, deu início ao seu ministério, de pronto curando e resolvendo os problemas de muita gente. Em Lucas 4:42 a Bíblia nos relata como a multidão o rodeava: “Ao romper do dia, Jesus foi para um lugar solitário. As multidões o procuravam, e, quando chegaram até onde ele estava, insistiam que não as deixasse.” O povo rogou muito para que Jesus ficasse ali, mas o Mestre lhes respondeu que precisava prosseguir, ir adiante para outras cidades (v. 43). A multidão só procura a Deus quando estava precisando de alguma coisa, o buscam por aquilo que Ele pode dar.

De outro lado, no capítulo seguinte a escrituras relatam o encontro de Jesus com dois pescadores, Pedro e André, a famosa “pesca maravilhosa”, pois eles jogaram as redes no local onde Jesus havia indicado, e foi tão grande a quantidade de peixes pescados que outro barco teve de ir ajudar, e ambos quase afundaram com o peso. E, após esse milagre, Jesus os convida a segui-lo, e eles, deixando TUDO, aceitam o convite em clara disposição de renúncia. O Discípulo está disposto a abrir mão de tudo, pois ele encontra o Deus que faz as coisas, e não apenas as coisas que o Deus faz, essa é sua perspectiva.


2) MULTIDÃO É VULNERÁVEL; DISCÍPULO É CONVICTO. Em João 6:26 a Bíblia relata que, após o milagre da multiplicação dos pães e peixes, a multidão continuava seguindo o Mestre, não por causa dos milagres que presenciou, mas porque havia sido alimentada. Jesus percebendo isso, começou a pregar que Ele era o pão da vida, e que era necessário comer de sua carne e beber do seu sangue para ter vida. Porém, alguns (multidão) se escandalizaram com tais palavras dizendo que eram duras (v. 60), e por isso, muitos deixaram de segui-lo (v.66).

Na sequência, Jesus se dirige aos seus doze discípulos e diz: “Vocês também não querem ir?”, Pedro responde: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus" (Jo 6:68,69).

Ora, a multidão oscila conforme a circunstância. Um dia antes eles haviam presenciado grandes milagres, mas, no dia seguinte, ao ouvirem uma palavra forte, não quiseram mais seguir a Cristo.

A maturidade é revelada com a estabilidade. Efésios 4:14 diz: “O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro.” Discípulo está convicto em Deus, independentemente da situação favorável ou não.


3) MULTIDÃO QUER SER SERVIDA; DISCÍPULO SERVE. O evangelho de Mateus 14:19 nos relata: “E ordenou que a multidão se assentasse na grama. Tomando os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e partiu os pães. Em seguida, deu-os aos discípulos, e estes à multidão.Mais uma vez a Bíblia deixa clara a intenção da multidão, sempre focada em receber algo, posicionando-se como depósito final das bênçãos de Deus. O discípulo entende que sua missão é ser um CANAL das bênçãos de Deus, ele recebe o alimento de Deus e assim compartilha com os outros. Ao servir, ele é edificado e cada vez mais abençoado.


4) MULTIDÃO QUER O QUE JESUS DÁ; DISCÍPULO QUER QUEM JESUS É. Em Êxodo 32:1-5, a Bíblia relata que o ingrato povo de Israel se rebelou contra Deus edificando um bezerro de ouro para adoração. Deus irou-se e disse a Moisés que o povo chegaria à terra prometida, mas que Ele não iria mais acompanhá-los (Ex. 33:3). Moisés então diz que não iria se o Senhor não fosse com eles. Para Moisés não importava alcançar a benção final, a terra prometida, se Deus não estivesse no caminho com eles. Moisés queria Deus pelo que ele era, e não pelo que podia dar.

Discípulos são próximos, querem RELACIONAMENTO! Deus almeja que sejamos todos discípulos, que busquemos um nível mais profundo de relacionamento com o Criador, focado na pessoa Dele.

Temos que sondar nossas intenções, o que nos motiva em ir a Jesus, se é sobre Ele ou se é apenas sobre o que Ele pode dar ou fazer. Temos que ter em mente sempre que Deus não nos deve nada e, por isso, não temos direito algum em exigir algo Dele. A multidão sempre tem a mentalidade de que “falta algo”, nunca está satisfeita. Mas a mentalidade do discípulo sabe que já tem TUDO!

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